Por
Lorena Vallone e Nathália Brunelli
A
dupla halandesa Viktor & Rolf, está sempre em busca de surpreender o
público com suas coleções e desfiles. No inverno de 1999 não foi diferente. Em
vez de dezenas de modelos, trouxe somente uma, que se transformou em boneca
russa. Assim como fazem com a moda, a dupla apresentou o processo inverso da
matrioska, ou seja, a modelo foi ganhando sobreposições ao longo do desfile.
Dar
vida à boneca russa não foi uma tarefa fácil.
Ao todo foram 15 looks sobrepostos que totalizaram 70 kg. Ao fim do
desfile, a modelo aparenta a imagem de uma santa. Esta impressão se dá pelos
elementos que compoem a imagem, como por exemplo, o terço na mão, as flores ao
redor dos pés e a estrutura da modelagem do último look, que lembra um manto.
Apesar
de a imagem remeter ao sagrado, a modelo transmite sensação de sufocamento.
Levando em consideração essa percepção, pode-se dizer que, subjetivamente, os
designers trouxeram uma reflexão sobre o consumo desenfreado que a moda produz.
Atualmente, as pessoas não se satisfazem apenas com algumas peças: estão sempre
em busca do novo, consumindo exaustivamente.
Sob
outro aspecto, podemos classificar o desfile como sendo de substância, ou seja,
apesar de ser um espetáculo, o foco não é vender os produtos, mas sim, explorar
o conceito proposto. Além disso, caracteriza-se como estrutural, pois apresenta
formas bem marcadas, esculturais. Esta última denominação, em conjunto com a conotação
divina, reafirma o conceito da coleção que foi bem desenvolvido pela marca.
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