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Pós Em comunicação e Cultura de Moda

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Moda é comunicação

segunda-feira, 15 de abril de 2013

O étnico e o sagrado


Por Lorena Vallone e Nathália Brunelli


A dupla halandesa Viktor & Rolf, está sempre em busca de surpreender o público com suas coleções e desfiles. No inverno de 1999 não foi diferente. Em vez de dezenas de modelos, trouxe somente uma, que se transformou em boneca russa. Assim como fazem com a moda, a dupla apresentou o processo inverso da matrioska, ou seja, a modelo foi ganhando sobreposições ao longo do desfile.
Dar vida à boneca russa não foi uma tarefa fácil.  Ao todo foram 15 looks sobrepostos que totalizaram 70 kg. Ao fim do desfile, a modelo aparenta a imagem de uma santa. Esta impressão se dá pelos elementos que compoem a imagem, como por exemplo, o terço na mão, as flores ao redor dos pés e a estrutura da modelagem do último look, que lembra um manto.
Apesar de a imagem remeter ao sagrado, a modelo transmite sensação de sufocamento. Levando em consideração essa percepção, pode-se dizer que, subjetivamente, os designers trouxeram uma reflexão sobre o consumo desenfreado que a moda produz. Atualmente, as pessoas não se satisfazem apenas com algumas peças: estão sempre em busca do novo, consumindo exaustivamente.
Sob outro aspecto, podemos classificar o desfile como sendo de substância, ou seja, apesar de ser um espetáculo, o foco não é vender os produtos, mas sim, explorar o conceito proposto. Além disso, caracteriza-se como estrutural, pois apresenta formas bem marcadas, esculturais. Esta última denominação, em conjunto com a conotação divina, reafirma o conceito da coleção que foi bem desenvolvido pela marca. 


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