A desconstrução da
moda
Por Isadora Greiner e Thais Martinez
Em 17 de junho de 2004, o
estilista Jum Nakao apresentou para uma plateia de 1.200 pessoas, um desfile
repleto de efemeridade. Durante a semana de moda da São Paulo Fashion Week, o polêmico
desfile representou a fragilidade do sistema da moda, desde o início do
processo de criação, comercialização e até a critica ao consumo desenfreado. A
coleção inspirada no século XIX foi totalmente produzida em papel vegetal, com detalhes
recortados a laser e estampas com desenhos brocados. A sua produção levou mais
de 700 horas de trabalho e envolveu cerca de 150 profissionais.
O conceito da coleção partiu do
princípio de transformar o nada em algo visível, o que resultou o nome Costura
do Invisível. Este trabalho já percorreu
museus, como o The New Dowse, na Nova Zelândia; o Museu de Arte Contemporânea
do Japão; foi exposto na Fortaleza del Basso, em Florença; no MoMu, da Bélgica;
no Atopos, da Grécia. Também foi reconhecido como desfile da década pelo SPFW e
visto como um dos desfiles do século, segundo o Museu da Moda de Paris.
O intuito do estilista era criar
uma coleção inesquecível que marcasse a memória das pessoas. Foi pensando nisso
que Nakao lançou um livro e um DVD com o nome da coleção, que contou
detalhadamente todas as etapas da criação. As páginas trazem ricas imagens e
olhares de diferentes artistas sobre o trabalho. É contada também a trajetória
da produção com depoimentos do estilista desde as primeiras reuniões, a rotina
dos ateliês, o desfile e até a reação da plateia.
As modelos, uniformizadas com
cabeças de boneco Playmobil e segunda pele preta, criavam um contraste com as
roupas de papel brancas. A ideia apresentada enfatiza o conformismo da absorção
das tendências de moda e o corpo como objeto de mero suporte. As peças foram
rasgadas ao término do desfile provocando no público reações diversas do
inconformismo ao êxtase.
Fonte: www.jumnakao.com.br
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