Por Flávia Silva
Inspirado
em uma tribo localizada na Ucrânia, Asgarda,
Gareth Pugh trouxe para o desfile de inverno 2013/14, da Semana de moda
londrina, a independência da mulher. Naquele país, elas são vitimas de tráfico
de pessoas, portanto criaram essa tribo em busca da autonomia completa de
homens.
Em Gareth Pugh, o poder da mulher fica claro, mas
no momento em que ele acrescenta o gótico, ela adquire um aspecto fúnebre e os
conceitos se encaixam perfeitamente. As
mulheres, com intuito de se protegerem, aprendem técnicas de luta e se armam. Há
uma beleza por traz dessa tribo, mas também algo que desperta a tristeza, pelo
fato de elas terem escolhido se “retirar” da sociedade em busca de proteção.
Então, o designer ressalta não só a força da mulher, mas ao mesmo tempo
transparece a sua feminilidade e necessidade de independência. Ele a vê como
forte mas, também, frágil.
Pugh, assim como em seu ultimo desfile, traz
nesta nova coleção uma suavidade romântica através de suas composições que exalam
sentimento. Com formas leves e gráficas sua composição é divina, nas palavras
do designer Rick Owens, Gareth Pugh é tecnicamente muito bom. As peças da
coleção são bastante gráficas, brincam com distorções. Pouco ressalta as curvas
naturais do corpo, o que eleva a personalidade da mulher e não denigre seu
corpo. Ao olhar mais além, é possível associar suas peças a roupas religiosas.
A maquiagem e os cabelos das modelos aparentam
ser de pessoas que estão cansadas e desgastadas, que lutam por sua emancipação
e a música, aos olhos do artista compositor, é vista como a voz de uma mulher
representada pelo som do violino, como se elas estivessem consumidas e querendo
ser ouvidas. O estilista consegue trazer para a coleção aspectos teatrais, introduz
ao universo do desfile a arte, cria uma outra realidade através dos meios que
utiliza, a roupa, a maquiagem, o cabelo e a música.
No final do desfile, fica clara a posição do
artista quanto a mulher representada, isso acontece quando Gareth escolhe
colocar um pequeno pedaço de letra da música de Dolly Parton: “Todas as donzelas, guardai meu aviso, nunca
confie nos corações dos homens, pois eles irão esmagá-los como um pardal,
deixando você sem reparo. Eles vão prometer sempre te amar. Jurem nenhum amor
vocês vão fazer. Pequeno pardal, pequena coisa frágil. Agora, se eu fosse um
pequeno pardal por estas montanhas eu voaria, e eu o encontraria, olhar em seu olhos mentirosos”.
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